Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Beber, dançar e se rasgar de forma sustentável

Sábado(23), a Dançum Se Rasgum Produciones movimenta a noite no Café com Arte com muita música e diversão. Até a meia noite, o ingresso custa R$ 10. E como o papo é festa e estamos na era da sustentabilidade, achei no site do planeta sustentável um manual que mostra como fazer uma balada sustentável no século XXI. Confira:
http://planetasustentavel.abril.com.br/infos/super/index.html

O Café com Arte fica na travessa Rui Barbosa, 1437, Nazaré.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Despedida



Queridos amigos:

Devido a meu precário estado de saúde e à terrível depressão emocional que me impossibilita de continuar a escrever e a lutar pela liberdade de Cuba, estou pondo um fim a minha vida. Nos últimos anos, mesmo me sentindo muito doente, pude terminar minha obra literária, na qual trabalhei por quase trinta anos. Deixo-lhes pois como legado todos os meus terrores, mas também a esperança de que em breve Cuba será livre. Sinto-me satisfeito por ter contruibuído, mesmo que modestamente, pelo triunfo desta liberdade. Ponho fim a minha vida voluntariamente porque não posso continuar trabalhando. Nenhuma das pessoas que me cercam estão comprometidas nesta decisão. Só há um responsável: Fidel Castro. Os sofrimentos do exílio, a dor de ter sido banido, a solidão e as doenças contraídas no desterro - certamente não teria sofrido isto se pudesse ter vivido livre em meu país.

Conclamo o povo cubano, tanto no exílio quanto na Ilha, a seguir lutando pela liberdade. Minha mensagem não é de derrota, mas sim de luta e esperança.

Reinaldo Arenas.
(Carta publicada no livro Antes que Anoiteça, autobiografia do escritor Reinaldo Arenas, lançado em 1994)

Sobre o autor, leia aqui:
http://pt.wikipedia.org
/wiki/Reinaldo_Arenas

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ser ecologicamente correto até na hora da morte

Como morrer de forma ecológica, na paz com o meio ambiente, de bem com a vida que você vai deixar por aqui. Confira:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/conteudo_467909.shtml

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Texto de Julio Cortázar


Te desafio a por e falar de mim, sem dar pista nenhuma de quem eu sou, apenas falando o que represento na tua vida.
te amo por sobrancelha, por cabelo, te debato em corredores branquíssimos onde se jogam as fontes de luz,
te discuto em cada nome, te arranco com delicadeza de cicatriz, vou pondo em teu cabelo cinzas de relâmpago e fitas que dormiam na chuva.
Não quero que tenhas uma forma, que sejas precisamente o que vem atrás da tua mão,
porque a água, considera a água, e os leões quando se dissolvem no açúcar da fábula,
e os gestos, essa arquitetura do nada,
acendendo suas lâmpadas no meio do encontro.
Todo amanhã é o quadro onde te invento e te desenho,
disposto a te apagar, assim, não és, muito menos com esse cabelo liso, esse sorriso.
Busco tua soma, a borda da taça onde o vinho é também lua e o espelho,
busco essa linha que faz o homem tremer numa galeria de museu.
Além do mais, te amo, e faz tempo e frio.

Sobre Julio Cortázar:
http://www.releituras.com/jcortazar_menu.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Julio_Cort%C3%A1zar

terça-feira, 12 de maio de 2009

Eu e meus pimpolhos emprestados


Foto: Do paizão Marcelo Cabral

As duas crianças fofas da foto, penduradas em mim, são os filhotes da minha amiga Carol Peres.

Geovana me dando um super abraço na sua festinha de aniversário de 4 anos (detalhe queridos, só eu ganho abraços assim, conforme a própria mamy da Gigi confirmou hoje) e o Lucas de 1 ano e seis meses.

Toda vez que vou visitá-los, Geovana abre aquele sorriso que esbanja alegria e sinceridade. Ela pode estar fazendo o que for, pára tudo e vem correndo me abraçar e diz: amiguiiiiinhaaaa! Já o Luquinhas, não fica atrás e quer logo seu abraço também.

Muitos beijos para seus anjinhos, Carol!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dicas de etiqueta sustentável, na rua:

No site do Moveimento Planeta Sustentável formas simples de andar pela cidade de bem com a vida e a consciência e, de quebra, contribuindo com a qualidade do mundo em que você vive.

1 - Na hora de comprar um carro, faça um cálculo simples de qual o tamanho ideal para suas necessidades. Veículos maiores consomem e poluem mais. Modelos do tipo flex fuel estão adequados às normas de proteção ao meio ambiente. Lembre-se: prefira abastecer com etanol.


2 - Carro não é o meio de transporte ecologicamente mais correto. Use-o com moderação, em especial se tiver um enorme 4x4 a diesel. Ande mais em transporte coletivo ou reabilite sua magrela.

3 - Compartilhe seu carro. “Pratique a carona solidária e diminua a emissão de poluentes, levando pessoas que fariam o mesmo trajeto separadamente”, recomenda o ambientalista Fábio Feldmann. Você vai se tornar o cara mais simpático da cidade.

4 - Carro requer manutenção, não tem jeito. Faça uma regulagem periódica, sempre que possível. Troque o óleo nos prazos indicados pelo fabricante, verifique filtros de óleo e de ar. Todas essas medidas economizam combustível e ajudam a despejar menos CO2 no ar.

5 - Que tal lavar o carro a seco? Existem diversas opções de lavagem sem água, algumas até mais baratas do que a tradicional, que consome centenas de litros do precioso líquido. Pense também em lavar menos seu carro.

6 - Tem atitude mais grosseira que atirar lata ou outros dejetos pela janela do carro? O castigo para essa gafe é garantido: os resíduos despejados na rua são arrastados pela chuva, entopem bueiros, chegam aos rios e represas, causam enchentes e prejudicam a qualidade da água que consumimos.

Para saber mais sobre essas e outras formas de contribuir para um mundo mais limpo acesso o site http://planetasustentavel.abril.ig.com.br/cartilha/

Roqueiro Ecológico


Foto: Divulgação

O cantor canadense Neil Young continua engajado nas causas ambientais. Em seu novo disco, Fork on the Road, o sangue roqueiro de Neil se mistura às letras baseadas no seu queridíssimo automóvel, um belo Lincoln Continental Mark IV, de 1959. Young adaptou os seis comprimentos do veículo para passear pelas estradas do Canadá de forma ecologicamente correta . O motor beberrão desse conversível clássico foi substituído por um propulsor híbrido fornecido pela empresa UQM Technologies. Com ele, o cantor pode rodar até 43 km com um litro de biodiesel.

No painel, comandos tradicionais convivem com um grande LCD, além de um teclado embutido para ajustes no motor. O carro, rebatizado LincVolt, chegou a um índice baixíssimo de emissão de carbono, deixando feliz tanto o lado verde do cantor como o lado louco por carros e estradas. No site do automóvel é possível ver a LincVolt Cam, que mostra a oficina onde o carro é operado constantemente para ficar ainda mais verde, e também um blog atualizado pelo próprio cantor contando as novidades do seu mascote motorizado. A viagem de Young pelos confins americanos a bordo do LincVolt virou até filme, dirigido pelo cantor sob o pseudônimo Bernard Shakey. É aguardar para ver.

Fonte: Planeta Sustentável

Sobre Neil Young, clique aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Neil_Young

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Belém nas rimas do poeta

Quando a viu pela primeira vez, ela balançava no ritmo da maré e brilhava sob efeito das luzes que rasgavam a escuridão da noite. Estendida às margens do rio, Belém foi vista por fora, enquanto o “Flor do Cajary” singrava nas águas da baía do Guajará rumo ao cais do Ver-o-Peso. E o, hoje, poeta Antonio Juraci Almeida Siqueira tinha só 12 anos quando esse encontro ocorreu.

Juraci vinha de Afuá, município do interior paraense, e ficou observando de dentro do barco a vida que existia ali. “Eu fiquei encantado com Belém, aquele mundo novo. Eu olhava o movimento, o burburinho, pessoas comprando, vendendo. Tenho uma relação muito forte com o Ver- o - Peso”, conta. O Juraci menino parecia Alfredo no livro Belém do Grão Pará, de Dalcídio Jurandir. Mesmo fascínio e deslumbre diante dos pequenos acontecimentos.

“Uma vez saí do barco meu tio para andar de ônibus, nunca tinha andado e em cada curva me segurava com força pra não cair ou vomitar, eu não queria passar vergonha. Andei tudinho por aí, eu me admirava com tudo”, lembra. Comento as semelhanças nas histórias e ele responde: “Verdade...O Alfredo era o Dalcídio, porque assim como ele veio do interior. Meu pai tinha contos manuscritos do Dalcídio em casa. Não sei se ele anotava do jornal, ou algo assim, mas tinha. Não sei como, eles desapareceram”, diz.

Antonio Juraci nasceu em 28 de outubro de 1948 na beira do rio Cajary, em Afuá. Na infância descobriu a literatura de cordel, herança do avô nordestino e das viagens a Belém. “Meu padrasto sempre trazia cordel daqui. Eu e meus irmãos líamos toda noite para os vizinhos. Muitos eu sei até de có e isso me serviu para escrever a minha poesia. O cuidado com rima, métrica, tudo veio do cordel”.

Em 1976, o escritor mudou-se para Belém, depois de viver em Macapá, com a esposa Francisca e os filhos. Morou na Cidade Velha e Jurunas, antes de se deparar com a passagem Felicidade, no bairro da Condor. Lá ele fincou raízes e até poetou. “Fiz uma trova para ela: ‘Morar na Felicidade traz-me um dilema sem fim, pois não sei se, na verdade, moro nela ou ela em mim’”, recita.

Na cidade das mangueiras, graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Pará, onde começou, de fato, sua produção literária. Com 60 anos de idade, 30 anos de carreira, mais de 80 títulos publicados entre folhetos de cordel, livros de poesias contos, crônicas, histórias humorísticas, infantis, Antonio Juraci acumula em média 200 premiações locais e nacionais no vários gêneros da literatura. As conquistas e homenagens recebidas ao longo da vida ele agradece a nossa morena.

“Devo muito a ela. Apesar de não ter nascido aqui, Belém me adotou. Eu gosto muito daqui, se viajo fico cuíra pra voltar logo. Eu gostaria que fosse mais bem cuidada sabe. O povo não tem memória. Belém deveria ser vista com o olhar de turista, que se admira com tudo e preserva. Mas eu a aceito. Devo a essa cidade toda a obra que construí. Não morro totalmente, porque minha obra permanecerá”, reflete.

Sentado numa das mesas do Bar do Parque, esse filho do boto, como também é conhecido (graças à roupa e chapéu brancos), volta no tempo e narra a época de estudante, açougueiro e candidato a escritor. Na volta da universidade, Siqueira descia do ônibus e olhava a boemia belenense reunida no local, especialmente o ‘mestre” Ruy Barata. “O Ruy ficava na cadeira cativa dele, ali [aponta para uma árvore] debaixo daquela castanhola, tomando sua bebida e disparando aquela metralhadora que era a língua dele. Eu morria de medo de mostrar um trabalho meu, porque eu via ele fazer cada coisa com quem mostrava algo ruim. O Ruy era sarcástico, polêmico, impiedoso com os maus poetas, maus escritores. Mas um dia, ele chegou pra mim na universidade e apontou com dedo, como costumava fazer e disse: ‘Gosto muito daquele poema seu ‘A margem oculta’’. Fiquei sem reação, já pensou?!”.

Esse menino de Cajary jamais imaginou tantos presentes de sua madrasta Belém, adquiridos sob inspiração dos traços de nossa cultura. Círio de Nazaré, mangueiras, Bar do Parque, praça da República, Ver-o-Peso, tudo aquilo capaz de tocar e comover sua sensibilidade se transforma em poesia e prosa. “Tenho nome em sala de literatura, em placa, em um monte de lugar. Essa amplitude toda me imortaliza ao perpetuar minha obra, porque o que imortaliza o ser humano é sua obra”.


Um teatro – Waldemar Henrique,

Uma praça – A da República, ela é a síntese de Belém, aqui vem o rico, pobre, todo mundo.

Um bar – do Gilson, o som apresentado, o choro, não faz parte da minha raiz, mas aprendi a amar.

Um bairro – Condor, perto de tudo!

Um ponto turístico – Ver-o-Peso

Quem é a cara de Belém? Márcio Sobral, ele é um brigão pelas coisas nossas como eu, temos a mesma paixão pela cidade.

Um escritor – Difícil nomear uma estrela numa constelação.....

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Perigo de pandemia faz governo adiar Confintea

Em comunicado oficial, Ministério da Educação e Unesco cancelaram a VI Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), que seria realizada pela primeira vez no Brasil. Belém sediaria o evento entre os dias 19 e 22 de maio de 2009. Mesmo sem casos confirmados da doença no país, o governo brasileiro preferiu não arriscar.

De acordo com o documento, o Governo avaliou as recomendações do Grupo Permanente de Saúde Pública (Gepesp), instituído por decreto em 2005, diante dos desdobramentos associados ao vírus Influenza A (H1N1) no mundo. “O adiamento também levou em consideração a decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) de manter o nível de alerta”.

O Ministério afirmou que pretende realizar a Conferência ainda este ano e a nova data será divulgada em breve.

Extrativistas do Pará cobram criação de reservas do governo federal.

Grilagem de terra, exploração de madeira, pesca e caça ilegais, entre outras atividades predatórias, ameaçam as condições de sobrevivência dos povos tradicionais de áreas extrativistas no Estado. Por isso, os moradores da reserva Renascer se reúnem em Brasília, hoje e amanhã (7), com membros do governo para cobrar medidas sobre a criação de unidades de conservação no Pará. Dessa forma, as populações locais esperam que os conflitos no campo sejam, no minímo, amenizados.

O Ministério do Meio Ambiente realizou todos os estudos necessários à criação da unidade, considerada importante, tanto do ponto de vista social quanto ambiental. Mas o processo de criação da reserva aguarda aprovação da Casa Civil, da Presidência da República, há cerca de dois anos.

Resex Renascer
A reserva extrativista Renascer, localizada no município de Prainha, no oeste do Pará, tem cerca de 400 mil hectares e abriga 14 comunidades diferentes. Palco de polêmicas e conflitos entre as 600 famílias de moradores e madeireiros, ela fica na área de influência da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém.

Em 2006, houve enfrentamentos diretos entre moradores e madeireiros. Os extrativistas fecharam o rio por onde os madeireiros transportavam a madeira extraída ilegalmente das áreas de várzea, e o confronto entre eles resultou na morte de um extrativista. A Polícia Militar do Pará interveio a favor dos madeireiros.

A criação da Resex Renascer está prevista no Plano BR-163 Sustentável, como parte do grupo de unidades de conservação que seriam criadas para conter o desmatamento potencializado pelo asfaltamento da rodovia. No entanto, como várias outras ações previstas no plano, a resex ainda não saiu do papel, pela dificuldade de conciliar os interesses, inclusive do governo estadual. As organizações da sociedade civil local cobram do governo que o Plano BR-163 Sustentável seja implementado, como forma de minimizar os conflitos, ampliar a presença do Estado na região e garantir maior segurança para os moradores.

Além da Renascer, ainda aguardam a aprovação da Casa Civil as Resex Baixo Rio Branco-Jauaperi (em Roraima e Amazonas), Montanha Mangabal, no Pará, e Cassurubá, na Bahia.

Fonte:WWF

segunda-feira, 4 de maio de 2009

POR SUA VIAGEM INESPERADA

Mensagem do MST para Augusto Boal.Diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, Boal nasceu dia 16 de março de 1931, Rio de Janeiro e morreu no último sábado (2) de insuficiência respiratória, aos 78 anos de idade, também no Rio.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1378354

Companheiro Boal,


A ti sempre estimaremos por nos ter ensinado que só aprende quem ensina. Tua luta, tua consciência política, tua solidariedade com a classe trabalhadora é mais que exemplo para nós, companheiro, é uma obra didática, como tantas que escreveu. Aprendemos contigo que os bons combatentes se forjam na luta.

Quando ingressou no coletivo do Teatro de Arena, soube dar expressão combativa ao anseio daqueles que queriam dar a ver o Brasil popular, o povo brasileiro. Sem temor, nacionalizou obras universais, formou dramaturgos e atores, e escreveu algumas das peças mais críticas de nosso teatro, como Revolução na América do Sul (1961). Colaborou com a criação e expansão pelo Brasil dos Centros Populares de Cultura (CPC), e as ações do Movimento de Cultura Popular (MCP), em Pernambuco.

Mostrou para a classe trabalhadora que o teatro pode ser uma arma revolucionária a serviço da emancipação humana. Aprendeu, no contato direto com os combatentes das Ligas Camponesas, que só o teatro não faz revolução. Quantas vezes contou nos teus livros e em nossos encontros de teu aprendizado com Virgílio, o líder camponês que te fez observar que na luta de classes todos tem que correr o mesmo risco.

Generoso, expôs sempre por meio dos relatos de suas histórias, seu método de aprendizado: aprender com os obstáculos, criar na dificuldade, sem jamais parar a luta.

Na ditadura, foi preso, torturado e exilado. No contra-ataque, desenvolveu o Teatro do Oprimido, com diversas táticas de combate e educação por meio do teatro, que hoje fazemos uso em nossas escolas do campo, em nossos acampamentos e assentamentos, e no trabalho de formação política que desenvolvemos com as comunidades de periferia urbana.

Poucas pessoas no Brasil atravessaram décadas a fio sem mudar de posição política, sem abrandar o discurso, sem fazer concessões, sem jogar na lata de lixo da história a experiência revolucionária que se forjou no teatro brasileiro até seu esmagamento pela burguesia nacional e os militares, com o golpe militar de 1964.

Aprendemos contigo que podemos nos divertir e aprender ao mesmo tempo, que podemos fazer política enquanto fazemos teatro, e fazer teatro enquanto fazemos política.

Poucos artistas souberam evitar o poder sedutor dos monopólios da mídia, mesmo quando passaram por dificuldades financeiras. Você, companheiro, não se vergou, não se vendeu, não se calou.

Aprendemos contigo que um revolucionário deve lutar contra todas, absolutamente todas as formas de opressão. Contemporâneo de Che Guevara, soube como ninguém multiplicar o legado de que é preciso se indignar contra todo tipo de injustiça.

Poucos atacaram com tanta radicalidade as criminosas leis de incentivo fiscal para o financiamento da cultura brasileira. Você, companheiro, não se deixou seduzir pelos privilégios dos artistas renomados. Nos ensinou a mirar nos alvos certeiros.

Incansável, meio século depois de teus primeiros combates, propôs ao MST a formação de multiplicadores teatrais em nosso meio. Em 2001 criamos contigo, e com os demais companheiros e companheiras do Centro do Teatro do Oprimido, a Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré. Você que na década de 1960 aprendeu com Virgílio que não basta o teatro dizer ao povo o que fazer, soube transferir os meios de produção da linguagem teatral para que nós, camponeses, façamos nosso próprio teatro, e por meio dele discutir nossos problemas e formular estratégias coletivas para a transformação social.

Nós, trabalhadoras e trabalhadores rurais sem terra de todo o Brasil, como parte dos seres humanos oprimidos pelo sistema que você e nós tanto combatemos, lhes rendemos homenagem, e reforçamos o compromisso de seguir combatendo em todas as trincheiras. No que depender de nós, tua vida e tua luta não será esquecida e transformada em mercadoria.

O teatro mundial perde um mestre, o Brasil perde um lutador, e o MST um companheiro. Nos solidarizamos com a família nesse momento difícil, e com todos e todas praticantes de Teatro do Oprimido no mundo.

Dos companheiros e companheiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

02 de maio de 2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Pará lidera assassinatos no campo

O relatório anual “Conflitos no Campo Brasil 2008”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado esta semana em Indaiatuba (SP), aponta que o Estado continua na liderança de crimes em seu território. Segundo dados da CPT, ocorreram 245 conflitos, 13 assassinatos, 35 ameaças de morte, 740 famílias expulsas e 2.051 despejos no ano passado.

Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão integram a lista de estados campeões em conflitos agrários. De acordo com o relatório, a Amazônia concentra 72 % dos assassinatos.

Populações tradicionais, como indígenas, quilombolas, posseiros, ribeirinhos e camponeses são as principais vítimas. "São ocupantes históricos que não detêm a titulariedade jurídica das terras", avalia Carlos Walter, professor da Universidade Federal Fluminense que elabora análises para o relatório da Comissão desde 2003.

Neste mês, o Pará ficou em evidência pelo conflito entre os acampados do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) da fazenda Espírito Santo e "seguranças" da Agropecuária Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas. Nove pessoas ficaram feridas a bala - oito sem-terra e um funcionário da empresa - em Xinguara, a 792 km de Belém. A ação gerou polêmica após denúncia não-comprovada de que integrantes do movimento teriam mantido quatro jornalistas como "reféns" durante o enfrentamento. O MST nega a acusação.

"A impunidade favorece o avanço da criminalização dos movimentos sociais e da violência no campo", afirma o padre Dirceu Luiz Fumagalli, membro da coordenação nacional da CPT.

Fonte: Repórter Brasil
http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1566