Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Mudam ministros. Desafios ambientais continuam


No Ministério do Meio Ambiente, atual secretária-executiva assume lugar de Carlos Minc

Brasília, (DF) - Nesta quarta-feira (31/3), tomou posse no cargo de ministra do Meio Ambiente a secretária-executiva, Izabella Teixeira, substituindo Carlos Minc, que deixa o ministério para concorrer às eleições de outubro. Izabella Teixeira, bióloga e doutora em planejamento ambiental, é funcionária de carreira do Ibama.

No atual cenário brasileiro, entre os desafios da nova ministra, está a manutenção do foco em algumas prioridades, num contexto que fica mais difícil em decorrência das eleições.

Para o WWF-Brasil, a implementação das áreas protegidas existentes é fundamental para a manutenção da diversidade de ecossistemas e de sua biodiversidade e para que as unidades de conservação possam cumprir efetivamente seu papel na redução das emissões por desmatamento e na adaptação às mudanças climáticas. Para isso, é essencial garantir a regularidade do aporte de recursos financeiros – inclusive destravando o funcionamento da compensação ambiental –, a ampliação das equipes que trabalham diretamente com as áreas protegidas e sua qualificação profissional, bem como condições adequadas de trabalho. Mas é importante que a gestão das áreas protegidas se foque no novo paradigma, abrindo-se mais para a sociedade, por exemplo com a gestão compartilhada de mosaicos.

No campo internacional, em 2009, o Brasil conquistou destaque com a redução do desmatamento e o anúncio de metas voluntárias de redução da emissão de gases de efeito estufa. Na área climática, a nova ministra também terá como principal desafio a continuidade e o avanço das ações já iniciadas, que incluem a revisão do Plano Nacional de Mudanças Climáticas e seus planos setoriais; a articulação com os estados na elaboração de políticas federais e estaduais, sobretudo em termos de papéis, compartilhando responsabilidades e direitos; a regulamentação, sobretudo, das compensações financeiras pela redução das emissões oriundas do desmatamento e da degradação dos ecossistemas, e a implementação do Fundo Clima.

Neste Ano Internacional da Biodiversidade, o Brasil tem a chance de se firmar ainda mais como líder mundial– confirmando e complementando o histórico e o potencial da redução do desmatamento e da degradação dos ecossistemas em todos os biomas, o potencial de produção de biocombustíveis, se produzido de forma sustentável. Para firmar sua liderança, precisará apresentar os relatórios de cumprimento das metas na Convenção da Diversidade Biológica (CDB CoP-10), em outubro, em Nagóia (Japão). O país se comprometeu a proteger 10% da área original de cada bioma e 30% da Amazônia, além de eliminar o desmatamento da Mata Atlântica e reduzir número de espécies sob ameaça, até 2010.

Para Cláudio Maretti, superintendente de Conservação de Programas Regionais do WWF-Brasil, o governo deve dedicar atenção especial e discutir publicamente as questões relacionadas à valoração de nossa biodiversidade. “O Brasil está entre os 10 países megadiversos, sendo entre eles o maior. É necessário evidenciar essa riqueza e preservá-la, por meio da criação de unidades de conservação, que deveriam ser anunciadas antes da cúpula da Convenção como um legado desse governo à atual e às futuras gerações”, afirma Maretti. “Apesar de ter muito o que melhorar, o Brasil tem que evidenciar o que faz, e integrar-se melhor, tecnicamente, no cenário internacional, potencializando suas capacidades e colaborando com os demais.”

No campo da economia, a opção por uma “economia verde”, com baixas emissões de carbono é uma tendência global e o Brasil não pode ficar para trás na corrida pela sustentabilidade. O Ministério do Meio Ambiente deve continuar a promover o conceito de economia com baixas emissões de carbono junto a outros ministérios, dando continuidade ao diálogo iniciado na gestão Minc, promovendo a inclusão da questão ambiental e o tema da adaptação às mudanças climáticas no planejamento de longo prazo do país.

“Mesmo com os avanços, nem todas as políticas de desenvolvimento do governo incorporaram a premissa de um mundo diferente que precisa urgentemente inovar e mudar para uma economia mais verde e com baixas emissões de carbono. Ainda há grandes desafios no setor de energia, onde podemos esperar maiores investimentos em energia eólica, solar-térmica e em eficiência energética. E precisamos garantir que todos os avanços ambientais obtidos na última década não sejam prejudicados por tentativas de enfraquecer a legislação ambiental e o Código Florestal”, explica Maretti.

Gestão Minc
A gestão de Carlos Minc à frente do Ministério do Meio Ambiente por um período de 22 meses trouxe avanços significativos, principalmente, por colocar a questão ambiental no centro das discussões de governo e tirar a pasta da situação de isolamento político.

Com o desafio de conduzir a pasta anteriormente ocupada pela ministra Marina Silva, Minc assumiu em maio de 2008 em meio a forte debate nacional sobre a questão ambiental. Com seu perfil carismático e midiático, Minc enfrentou os problemas e os evidenciou em debates e ações que envolvem forças políticas antagônicas.

A redução na taxa de desmatamento foi, sem dúvida, um resultado muito importante, mas a queda do desmatamento só é possível quando todos os atores sociais percebem a sua parcela de responsabilidade na solução do problema. Minc influenciou para que os estados desenvolvessem seus planos de combate ao desmatamento e liderou a proposta do Brasil de ter metas de redução de desmatamento para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (“UNFCCC CoP-15”).

O Fundo Amazônia, apresentado internacionalmente em Bali, em 2007, foi finalmente aprovado pelo Presidente Lula em agosto de 2008. “O início da operacionalização do Fundo Amazônia para apoio aos primeiros projetos, entre os quais a segunda fase do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do qual o WWF-Brasil é parceiro desde seu lançamento em 2002, tendo colaborado também na fase de concepção e planejamento, evidencia a importância da busca de soluções para valorizar a Amazônia e acabar com o desmatamento e a degradação de nossa floresta”, afirmou Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

“Uma das ações de destaque da gestão Minc foi conseguir chamar atenção para o Cerrado e colocar esse bioma no debate nacional, como já ocorre com a Amazônia. Isso foi feito com a proposta de avaliação do status de cada bioma, incluindo sistema de monitoramento e divulgação dos dados. É muito importante que o país possa olhar e cuidar de todos os biomas, criando mecanismos para preservar toda a sua diversidade de ambientes e riquezas”, conclui Hamú.

Infelizmente, a frente dos licenciamentos ambientais não foi fortalecida nesse período. Por exemplo, em lugar de caminharmos para uma “economia verde”, com planos integrados e com licenças ambientais estratégicas, no caso da hidroelétrica da Amazônia, continuamos a discutir grandes obras, de maneira isolada e sem a articulação entre os grandes desafios do desenvolvimento sustentável do país.

Fonte: WWF Brasil
Foto: Givaldo Barbosa/O Globo

domingo, 28 de março de 2010

Últimos dias para votar no seu artista favorito

Encerra nesta terça (30) a votação popular para a escolha de artistas do Edital Conexão Vivo 2010. Os quatro mais votados pelo público e 46 escolhidos por curadoria garantem vaga nas atividades do programa para este ano, que vai ocorrer em Minas Gerais, Bahia e no Pará. Ao todo serão 50 artistas selecionados. Eles também vão estar presentes em coletâneas em CD (físicos e virtuais), LPs e DVDs. A votação é feita exclusivamente pela Internet, no endereço www.conexaovivo.com.br.
No dia 5 de abril será divulgado no portal da Vivo os nomes dos artistas selecionados pela curadoria, com a ajuda do público.

PARÁ
No Pará, 86 artistas que se cadastraram no portal Conexão Vivo estão concorrendo às vagas do programa. O Conexão vai percorrer 11 cidades nos três estados selecionados entre os meses de abril e setembro. A votação dos internautas garante quatro vagas no edital. As demais serão escolhidas através de uma curadoria formada por profissionais da área de música do país.

Fonte; Ascom - Vivo

quarta-feira, 3 de março de 2010

E agora, quem irá nos encantar?



"Comunicamos o encerramento das atividades artísticas da banda Cordel do Fogo Encantado". É assim que começa o anúncio do fim de uma das minhas bandas preferidas. Fico feliz de ter assistido a pelo menos um show antes desse comunicado oficial postado no site da banda http://cordeldofogoencantado.uol.com.br/.

Fotos: Divulgação

Leia o texto na íntegra:
A disposição em suspender suas atividades passa por decisões pessoais do fundador da banda, Jose Paes de Lira (Lirinha), expressas em seu comunicado abaixo, que implicam na impossibilidade de continuidade do grupo. Contudo, mantêm intactas as relações de profunda amizade, respeito profissional e carinho cultivadas entre os integrantes da banda, equipe técnica e produção, solidamente construídas nesses onze anos de convivência.

Estamos certos que nesse tempo realizamos um trabalho de referência na nova música pernambucana e brasileira.

A banda, em decisão conjunta com a produção, deverá lançar em breve registro de áudio e vídeo AO VIVO da apresentação realizada na praça do Marco Zero, Recife, no dia 14 de fevereiro de 2010, considerado por muitos um show histórico.

O grupo também pretende lançar material de arquivo selecionado entre registros realizados ao longo dos seus onze anos de existência.

Cordel do Fogo Encantado manterá em atividade seu site oficial (www.cordeldofogoencantado.com.br) através do qual informará seu público sobre os lançamentos dos registros acima citados e sobre outros temas que se fizerem necessários.

Atenciosamente,

Antonio Gutierrez
Produção – Cordel do Fogo Encantado

____________________________________________________________


COMUNICADO - JOSÉ PAES DE LIRA

Com a permissão dos Encantados, sempre:

Anuncio a minha saída da banda Cordel do Fogo Encantado.

São 14 anos de trabalho ininterrupto (11 anos de banda e 3 anos de peça teatral de mesmo nome).

O grupo que é independente desde a sua origem, com integrantes do sertão de Pernambuco (Arcoverde) e do Morro da Conceição (Recife) se tornou uma das bandas mais ativas do cenário de shows da música brasileira. Isso aconteceu com a total entrega dos participantes e a verdade da mensagem emitida.

É com muita dificuldade que redijo essa informação, devido ao imenso amor que eu sinto pelo público e pelos meus companheiros/guerreiros do projeto.

Revelo, por respeito aos que me acompanham, a minha vital necessidade de trilhar novos caminhos.

Ajudei a desenvolver um dos espetáculos mais originais da cultura pop do país e é com esse sentimento de orgulho que sigo em frente.

Com a certeza de que o fogo da nossa poesia e da nossa música nunca se apagará e que nossa força é infinita.

Abraço forte,

José Paes de Lira, Lirinha.

O clichê

Da jornalista Eliane Brum

Era um daqueles almoços que não dava para dizer não, mas dizer sim causava insônia na noite anterior. Sentou-se. Bem no meio, para que as conversas passassem por ele, e ele não passasse por elas. No canto, quem não fala chama atenção. No meio, com sorte dá para virar uma travessa de brócolis. Seu corpo, pelo menos, parece participativo. Está lá, todo exposto e supostamente atento. Sorriu seu melhor sorriso sem dentes. E atacou um salmão apenas selado, cru e tenro por dentro. Ah, um salmão faz um ateu acreditar em Deus. Mas só porque ele não é um salmão. Do ponto de vista do salmão, ser tão saboroso ao paladar do animal no topo da cadeia alimentar era, ao contrário, uma prova da não existência de Deus. Hum…


Estava neste ponto, entre divagações teológicas e uma garfada crocante, quando ouviu. Não havia como não ouvir. O clichê passou zunindo pela sua orelha esquerda. Não! Ele não disse isso! Disse. Um gole redentor de vinho. E zuuuuum, o clichê da réplica raspou em sua orelha direita. Não, isso não aconteceu. Nem mesmo ela poderia ter dito isto a sério. Aconteceu.

E então a clichelândia se instalou. Os lugares-comuns passavam de peito aberto pelas suas orelhas, se achando a última cereja do bolo. Ops! Estava sendo contaminado. Jargões aterrissavam entre os cristais da dona da casa com alarde. Não estou ouvindo, não estou ouvindo. Estava. Recitou mentalmente os primeiros cantos da Ilíada, mas os clichês se imiscuíam entre os versos. Partiu para uma solução radical e repetiu para si mesmo a bula do seu antidepressivo. Não adiantou. Clichês são criaturas inconvenientes. E tão resistentes quanto as baratas.

Nesta hora se distraiu. Abriu a boca, ainda com um resto de salmão nos molares inferiores. Não era possível. Não este. Ninguém poderia dizer este e permanecer impune. Batia 10 na escala Richter dos lugares-comuns e frases feitas, segundo o dicionário do Humberto Werneck. E então, zuuuuum, plaft, ploft. O clichê entrou pela sua boca aberta. Na hora, achou que era uma mosca. Engasgou e babou-se de vinho, calando pela primeira vez a clichelândia.

Se soubesse que era tão fácil, tinha tido um acesso de tosse antes. Seu vizinho na mesa bateu forte em suas costas. Desgraçado. Devia estar se vingando de uma crítica ruim. Babou mais um pouco. Sim, era ele. Colado no céu da boca. Passou uma língua sinuosa por lá. Coladíssimo. Forçou, num rastreamento completo. Nesta altura, já tinha perdido parte da compostura. Nada. Ele parecia ter nascido ali.

Pediu licença e foi ao banheiro, sentindo os comentários maldosos se iniciarem às suas costas. Enfiou o indicador na boca. Ia arrancá-lo dali à unha. Sangrou, mas o clichê continuou grudado. Voltou à mesa. Sorrateiro, botou uma faca no bolso. Voltou ao banheiro. Agora nem esperavam que se afastasse para o maldizerem. Mais sangue. E o clichê lá, misturando-se à sua carne. Outro cliente entrou pelo banheiro e deu meia-volta ao vê-lo escarafunchando a boca com uma faca de peixe. Era melhor ir embora, antes que o levassem preso.

Finalmente em casa, tentou tudo, até a chave de roda do carro. Já nem podia comer nada sólido, tão machucada estava sua gengiva. Mas o clichê seguia impávido. Parecia que tinha posto raízes no céu agora crepuscular da sua boca. Foi ao dentista. Doutor, pelo amor de Deus, tira este negócio daqui. O dentista arrancou um siso incluso, mas do clichê nem um gemido.

Foi possuído pelo medo. E se falasse e o clichê saísse de sua boca de repente? No meio de uma palestra. Numa conversa com seu editor sobre a relação entre a literatura inglesa contemporânea e a baixa taxa de fertilidade dos pandas. Estaria acabado. Um clichê desses aniquilaria uma reputação por pelo menos umas dez vidas. Toda uma existência de estudo e de sacrifícios inenarráveis em nome do conhecimento e, de repente, seu nome jogado na cloaca dos lugares-comuns. Ninguém acreditaria que o clichê não era seu. Afinal, estava ali, dentro da sua boca.

Decidiu que nunca mais pronunciaria palavra alguma.

Os amigos alarmaram-se. Ele sempre havia sido silencioso, mas agora emudecera. A faxineira pediu demissão. Achava que tinha sido possuído por um exu. Foi numa igreja evangélica, disfarçado de homem do saco. O pastor gritava e lhe dava tapas: Saia, que este corpo não te pertence! Um séquito de belzebus o deixou, mas o clichê nem aí.

Fechou a boca em definitivo.

Começou a definhar. Não comia, não bebia, a pele já se descolava dos ossos. E o clichê lá. Reluzente. A única parte em perfeito estado de saúde do seu corpo. A irmã com quem não falava havia anos, desde que ela jogara no lixo sua coleção de times de futebol de botão, foi chamada. Arrastou-o por uma fileira de especialistas. Submeteram-no a uma batelada de exames de sangue e ressonâncias magnéticas. Nada. Os incompetentes não enxergavam o clichê.

Depois de três meses, morreu. Ao exalar seu último suspiro, rodeado por expoentes das letras do seu tempo, já sem domínio dos músculos, abriu a boca. E o clichê partiu, saltitante, deixando atrás de si um homem morto e um rastro de destruição.

Suas últimas palavras.

E o velório ficou às moscas.

Por piedade, os jornais preferiram nem publicar um obituário.