Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Serviço de saúde infeliz

Esfaqueamentos, traumatismos, infartos, coma alcoólico, baleamentos e outras tragédias fizeram parte do Natal, nada feliz, de muitos paraenses na manhã desta quinta-feira (25). Os pronto socorros da 14 de Março e Guamá tiveram de dar conta da procura por atendimento de pacientes que vinham da capital e do interior.

A mãe de Maria Benedita Tavares, dona Ilma Diniz, de 64 anos, veio de Limoeiro do Ajurú, onde sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), na manhã do dia 24 de dezembro. Dona Ilma foi levada ao hospital do município. Lá, segundo a família, o único enfermeiro de plantão atendeu a aposentada, sem no entanto poder resolver a situação. A vítima, completamente paralisada, ficou sob observação.

O resgate do Corpo de Bombeiros Militar de Belém, recebeu o chamado de emergência no mesmo dia, por volta das 18h30. Como os helicópteros do órgão só voam até às 18h, a aposentada só chegou à capital na manhã seguinte, às 11h, indo direto para o PSM da 14.

A filha e a nora aguardavam por notícias de dona Ilma do lado de fora do pronto socorro. Em prantos a filha Maria Benedita, rezava para a mãe ser atendida o mais rápido possível. “Ela entrou faz pouco tempo. Agora são 11h30 e queremos que ela seja logo atendida. Tomara que dê tudo certo”, pedia Maria.

“Meu marido está lá dentro e ficamos nos comunicando para saber se ela já foi atendida. Até agora nada. O pior é que eles(posto de saúde do Limoeiro) não mandaram nenhum encaminhamento o que dificulta mais as coisas e aumenta a demora no atendimento”, avaliava a nora de dona Ilma, Marisângela Pinheiro, ao falar no telefone com o marido.

Contudo, a notícia recebida era que precisariam voltar no dia seguinte, pois não havia especialista, no caso neurologista, para o problema de Ilma Diniz.

Nesse intervalo mais pacientes chegavam ao PSM da 14 de março. Minutos depois uma mãe desesperada saía de dentro do prédio. Ela gritava pelo filho e implorava passagem. Os parentes da mulher desconhecida tentavam acalmá-la. Logo após, funcionários da 14 vieram tranqüilizar a senhora “Ele estás bem. Só está ensangüentada, devido ao esfaqueamento, mas não corre mais perigo”, disse uma das enfermeiras. Nenhum dos parentes quis falar sobre o assunto ou se identificar à imprensa.

No posto do Guamá, o movimento era mais tranqüilo se comparado ao 14. Contudo, a falta de especialidades também dificultou o atendimento de pacientes como Lea Pinheiro, 33 anos. Lea chegou ao local depois de tentar em vão ser atendida na unidade da 14.

A família insistia no atendimento, sem sucesso, já que no local só havia médicos de clínica-geral e cirurgia. Mesmo tomada pela dor, ela não conseguiu entrar no PSM do Guamá. A enfermeira plantonista sugeriu o encaminhamento para o PSM da 14, no qual poderia haver médico para o caso de Lea. A autônoma se revoltou com a sugestão. Segundo ela, já teria tentado o local, mas foi sumariamente desrespeitada.

Lea andava de moto na manhã do dia 24 de dezembro com o padrasto, quando perdeu o controle do veículo e caiu. Os dois ficaram muito feridos. Ela teve várias fraturas e ferimentos pelo corpo. Ambos foram à unidade da 14 de março, entre 11h e 12h e só conseguiram “atendimento” no início da noite, enquanto o padrasto de Lea morria ao seu lado. Com a voz embargada, a mulher procurava forças para falar. “O médico não quis me atender, mandou a gente ir embora para outro lugar. O enfermeiro só bateu umas chapas e jogou no colo do meu marido, que se ele quisesse resolver alguma coisa que desse o jeito dele. Um residente que estava lá é que se compadeceu de mim e tentou me ajudar”, disse Pinheiro.

Ao sair da entrada do local, ela voltou a ressaltar sua realidade. “Se for pra ir ao da 14 prefiro morrer, porque é isso que vai acontecer, como aconteceu com meu padrasto”, frisou.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) , divulgou nota, na qual admitia os problemas ocorridos no atendimento do Pronto Socorro da 14 de março e a procura acima do esperado. Mas a Sesma irá apurar os eventos, os quais contribuíram no congestionamento da unidade. A Sesma escalou para o feriado, só no PSM da 14 de Março, 166 médicos, 19 médicos por plantão, nas diversas especialidades, mais os profissionais de saúde, como maqueiros e enfermeiros.

Na próxima segunda-feira (29) será divulgado o balanço geral dos atendimentos nas unidades de urgência e emergência e PSM, além do Hospital de Mosqueiro.

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