Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

quarta-feira, 25 de março de 2009

A música que nasce do rio.

As águas da Baía do Guajará traziam o menino para o ventre da cidade. Acompanhado da mãe, ele desembarcava no Porto do Sal, no bairro da Cidade Velha e seguia pelas ruas de Belém para visitar parentes e amigos ou fazer compras na João Alfredo. Pequenas lembranças dos primeiros contatos, ainda na infância, entre o músico Ivan Cardoso e sua “bela morena”.

O cantor e compositor, de 46 anos, nasceu em Cametá e veio viver nas terras belenenses aos 18 anos. Morou na travessa Humaitá entre Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma. Em 1984, um ano depois de sua chegada, se mudou para a Cidade Nova, onde montou com amigos o grupo “Cio da Terra” e tocou no bar mais badalado do local, o “Amigos Bar”. Tempos depois saiu da banda. Carregou consigo outros dois integrantes – Zema e Paulo Cocada (hoje, percussionista de Pinduca) e juntos formaram o “ZIP”.

O trio se fez nas noites de Belém. Eles tocaram nos bares da moda e até num bordel na rua Riachuelo, famosa zona meretrícia do bairro da Campina, próxima a praça da República. Executavam de tudo, samba, bolero, bossa nova, iêiêiê, baladas, carimbó e marchinhas de carnaval – entranhadas na alma do músico, que passou a infância escutando o ritmo, tão apreciado na sua carnavalesca cidade natal.

“Desde pequeno escutava marchinhas e tocava na bandinha que construí no quintal de casa com latas e madeira para tocar com meus amigos. A música entrou assim na minha vida. E aos oito anos, minha mãe comprou meu primeiro violão de um dos clientes da nossa taberna em Cametá e me deu de presente. Aprendi a tocar olhando e ouvindo os outros”, conta Ivan.

Depois do ZIP, resolveu montar sua própria banda, o “Terra Nova” e por quatro anos circulou pelas casas de show, teatros e bares da capital. Lugares que nem existem mais, como “Olê-Olá”, “Escápole”, “Miralha”. É dessa época a apresentação no Cine Líbero Luxardo, no Centur, através do projeto Clima Som. “Ele abria espaço para os artistas no começo de carreira mostrarem seu trabalho. Foi minha primeira vez num teatro aqui em Belém”, relembra Cardoso.

No Terra Nova também não deu certo e Ivan decidiu seguir carreira solo. Contudo, nunca deixou de lado as muitas parceiras que Belém lhe presenteou. “Tenho músicas feitas ao lado de amigos como Ronaldo Silva, Alfredo Moura, Leandro Dias, Jorge Andrade, Renato Gusmão, Mauro Mousinho, se eu for listar todas vamos passar o dia aqui”, diz.

Mas, segundo o músico, o maior de todos os presentes da cidade foi participar do Festival de Música Brasileira, em 2000, realizado em São Paulo, como único representante de Belém com a composição “Moleque Tinhoso” – parceria entre ele e Mauro Mousinho. “Eram quase 30 mil inscritos, ficamos em quarto lugar nas eliminatórias que classificavam para a final. Batemos na trave!”, afirma.

Ivan Cardoso não ganhou o festival, no entanto, ele se basta com o calor humano do povo belenense, que acolhe qualquer pessoa quando chega. “Já viajei muitos lugares do Brasil levando minha música, mas só encontrei aqui essa gente simpática que faz questão de mostrar e indicar suas belezas”, ressalta.

Com 24 anos de carreira e dois CDs lançados, o compositor quer comemorar seus 25 num dos teatros da capital paraense. Quer cantar e tocar suas mais de 200 canções criadas sob inspiração da Baía do Guajará, musa que tantas vezes contemplou. “Já fiz muita música olhando pra ela. ‘Bela Belém’ e ‘Guajará’ são algumas delas. Trabalho em dois locais com vista privilegiada pra Baía, a Estação das Docas e o Boteco das 11, na Casa das Onze Janelas. E ver o pôr-do-sol ou qualquer coisa de lá é maravilhoso”, destaca.


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Um bar: Marujos, na Estação das Docas

Para sentir a verdadeira Belém...tem que dar um passeio pela orla e olhar a cidade de fora. Depois conhecer nossas praças e tomar um tacacá no final da tarde em qualquer esquina, costume mais Belém impossível.

Quem é a cara de Belém: Nilson Chaves. Ele canta Belém, o Pará, a Amazônia.

Uma manifestação cultural? Arraial do Pavulagem

Uma praça? Da República, pela cultura que proporciona ao povo.

Um teatro? O da Paz

Um bairro? Onde eu queria morar: na calmaria do Reduto

O bairro mais musical? Cidade Velha

A melhor música sobre a cidade? Flor do Grão Pará (Chico Senna).

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