Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Pelas ruas de Belém....

Que tal passear por alguns das principais ruas do Centro Histórico de Belém de um jeito diferente? Em vez de explorá-las a pé ou de carro, por que não ir de bondinho, acompanhado (a) de uma guia turística que vai lhe contar as histórias das construções, das ruas e praças em que ele passar. Tudo pela simbólica quantia de R$ 1,00. Foi isso que Jackson Ribeiro de Souza fez com a mulher e a filha na manhã deste domingo (4), ao andar pela primeira vez no único bondinho movido a biodiesel do Brasil.

"Viemos de Parauapebas passar o Ano Novo com nossos parentes de Belém. Eles sugeriram que viessímos visitar o bondinho, que seria muito interessante. Eu pensei que não funcionava isso aqui e fiquei muito feliz de saber, estou adorando", disse o auxiliar de segurança, Jackson.

Durante os 30 minutos que dura o passeio, ecologicamente correto, os passageiros fazem uma viagem no tempo. São convidados a imaginar como viviam os habitantes dos séculos XIX e XX da Belém do glamour, do requinte e urbanização trazidos pela Bélle Époque. Numa cidade, onde havia cerca de 170 bondes para atender à população local.

O bondinho de Belém foi inaugurado em 12 de outubro de 2007 e construído com todos os traços de um bonde original. Desde então, circula pelas ruas do Comércio e da Cidade de Velha. Transporta moradores da cidade e turistas do mais variados lugares do Pará, do Brasil e do mundo. "Quando tem eventos na capital dá muito paraense, muita gente daqui da capital mesmo. Mas, quando não tem nenhuma programação o maior número de passageiros vem de outros estados e países", afirma a guia turística do bondinho, Rosângela Martins.

Todos os domingos e feriados, de 9 às 13 horas e de 13 às 18 horas, o bondinho sai da estação, localizada na Avenida Portugal, sobe a rua João Alfredo até o largo das Mercês, e refaz o mesmo itinerário de volta. Em seguida, passa pela praça Dom Pedro II e segue para o destino final no Forte do Presépio e volta à estação.

Nesse intervalo, a guia conta as peculiaridades de cada lugar do trajeto. Na João Alfredo, ela narra o surgimento dos primeiros hotéis de Belém, as características arquitetônicas dos prédios e continua sua tarefa até o fim da excursão.

Apesar da estação a princípio ser o ponto de partida do passeio, muitos passageiros sobem no decorrer do caminho. No entanto, quem pega a viagem pela metade não fica sem explicação. O motorneiro (condutor do bonde) refaz o caminho e ninguém perde os detalhes do percurso.

Memória

Mecâncio Naval e Piloto Naútico nos demais dias da semana, Josué Oliveira, 53 anos, reserva seus domingos e finais de semana a conduzir o bondinho. Ao som de muito carimbó e outras composições da Música Popular Paraense, seu Josué relembra de momentos engraçados a frente do veículo. Há um ano e três meses no bondinho, ele se utiliza da experiência em sistemas de comando à distância e como piloto de iates, barcos e navios para manter e conduzir o veículo.

"Ele anda em dois sentidos, como não faz curva já houve situações muito engraçadas quando o conduzia. Os motoristas de Belém não estão acostumadas a ver um bonde trafegando e não como agir no trânsito. Muitas vezes param no meio do trilho, mas o bonde não pode fazer curva, ele só segue a linha do trilho. Nessa hora, tenho que descer e pedir para eles irem por outro caminho, porque eu não posso ir por outro lugar", explica o motorneiro.

Apaixanado pelo trabalho, seu Josué conhece como poucos o funcionamento e tudo que envolva o bonde. Aponta fatos históricos, pontos atuais de seu mecanismo e mostra orgulho na hora de falar sobre a profissão.

"Esse é um modelo original , igual aos que circulavam no século passado. Embora os historiadores digam que foi o Rio de Janeiro a primeira cidade do Brasil a ter um coletivo como este, na realidade Belém é que detem o título. Nossa cidade ganhou seu primeiro bonde em 1893. Pesquisei muito a respeito. No dia da inauguração, falei com pessoas que chegarama a andar nos bondes de antigamente. Nós tínhamos seis estações de bonde em em 1893. Pesquisei muito a respeito. No dia da inauguração, falei com pessoas que chegarama a andar nos bondes de antigamente. Nós tínhamos seis estações de bonde em Belém: Mercados de São Brás, Marco, Santa Luzia [atual Santa Casa], Reduto, Avenida Portugal e Largo da Polvóra, hoje Praça da República", destaca Josué.

Bastidores

Mantido com a taxa cobrada pelos passeios, o bondinho economizar energia com conversão do motor para biodiesel. Além de ser ecologicamente correto, o biocombustível facilita as cerca de 12 viagens realizadas aos domingos ou feriados do transporte. "Existem certos pontos dos trilhos bastante complicados, em especial nas subidas. Na energia elétrica era difícil subir, o motor não aguentava, não tinha potência para superá-las. O motor a biodiesel é mais potente, ele consegue dar conta de fazer as subidas, sem riscos de acidente", explica Josué.

Fora os roteiros habituais, no Carnaval o bondinho ganha nova função. Nesse período, o veículo fica todo enfeitado e em parceria com o produtor de eventos "Caveira" acontece o Arrastão de Carnaval, que agita o Centro Histórico sob o ritmo das marchinhas carnavalescas, e ao lado de brincantes fantasiados.

Por momentos assim, Josué Oliveira renova o prazer e a satisfação pelo que faz. Segundo ele, ver as pessoas encantadas com a magia do passeio e conhecendo parte da história de Belém, dá um gostinho todo especial no trabalho. "Certa vez um turista português andou comigo e começamos a conversar sobre as diferenças daqui e de lá. Ele me disse que lá, em Portugal, os carros pagam taxa bem cara para circular, por isso as pessoas preferem andar de bonde pela cidade.É, de fato, um veículo de circulação e locomoção. O turista português ficou muito feliz de ver o nosso modelo e como estava conservado", relembra Oliveira.

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