Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Como assim?!?!?!

Coluna - Só paraense para entender

Há alguns meses recebi um email com um texto engraçadíssimo sobre esse nosso jeito paraense de falar e de ser. Em alguns momentos da leitura a gente precisa conhecer o cotidiano de Belém mesmo pra entender as palavras e expressões que, pra você internauta desavisado, talvez pareçam bem estranhas. Mas, calma, todas as interrogações serão respondidas. Haverá tradução.

Foi a partir desse dito texto que nasceu a nova coluna do blog,a "Só paraense para entender", título do 'artigo' aliás, onde o espaço é todo sobre nós paraenses, filhos de sangue ou adotivos, que temos no égua a nossa representação maior. Então, vamos começar os trabalhos:


Um dia eu tava buiado, pensei em ir lá em baixo comprar uns tamatás. Tava numa murrinha, mas criei coragem, peguei o Sacrabala e fui.

Chequei tarde só tinha peixe dispré. O maninho que estava vendendo tinha uma teba de orelha do tamanho dum bonde. O gala-seca espirrou em cima do tamatá do moço que tinha acabado de comprar, e no meu tembéim. Ficou tudo cheio de bustela...Axiiiiiii, porcaria! Não é potoca, não. O dono do tamatá muquiou o orelha-de-nós-todos, mas malinou mesmo.

Saí dalí e fui comer uma unha. Escolhi uma porruda! Égua, quase levei o farelo depois. Me deu um piriri. Também...parece leso, comprar unha no Veropa. Comprei uns mexilhões, um cupu e um pirarucu, muito fiiiiiirme, mas um pouco pitiú.

Fui pra parada esperar o busão. Lá tinha duas pipira- varejeira fazendo graça. Eu pensando com meus botões...ÊEEEE, ela já quer... Mas, veio um Paar-Ceasa sequinho e elas entraram...Fiquei na roça, levei o farelo. O Sacrabala veio cheio e ainda começou a cair um toró, égua-muleque-té-doido-é, pense num bonde lotado. Eu disse: éguaaaaaaaa, voimbora logo.

No Sacrabala lotado, com o vidro fechado por causa da chuva, começa
aquele calor muito palha. Uma velha estava quase despombalecendo. Daí o velho que tava com ela gritava arreda aí menino pra senhora sentar aí do teu lado. O menino falou: Hmm, tá, cheiroso...


Vocabulário
Buiado: cheio da grana
Ir lá embaixo: ir até o bairro do Comércio, ir até o Ver-o-Peso, na parte 'baixa' da cidade
Tamatá: um tipo de peixe
Murrinha: preguiça braba
Sacrabala: ônibus Sacramenta (pode ser qualquer um: Sacramenta Nazaré, Humaitá, etc.). Ele vive lotado e passa no bairro da Sacramenta, conhecido na cidade pelos assaltos, mortes e troca de tiros entre gangues rivais e entre os bandidos e a polícia (quando ela resolve dar o ar de sua graça, claro)
Peixe dispré: é o peixe ruim, que já passou do ponto, meio podrinho, o resto
Teba de orelha: orelhas de abano, orelha realmente muito grande
Gala-seca: é uma gíria meio passada, fora de moda, mas que na minha adolescência (tipo seis anos atrás) era muito usada pela juventude de Belém do Pará. Quer dizer abestado, bundão, tapado, etc e tal.
Tembéim: contração de também
Potoca: mentira
Muquiou: vem de muquiar: já ouvi diversas variações desse verbo. Pode ser assar, cortar em pedacinhos. Apertar tão forte que fica ardendo que nem brasa.
Malinou: do verbo malinar, quer dizer maltratar
Porruda: muito grande, imensa
Égua: nossa expressão base. A gente diz égua quando tá feliz, triste, assustado, puto da vida, impressionado. Usamos égua pra tudo, é que nem o bah do gaúcho, o pô do paulista, e assim por diante.
Farelo: levar o farelo,quer dizer se dar mal
Leso: doido
Veropa: É o Ver-o-Peso para os mais chegados
Cupu: é a preguiça de dizer cupuaçu
Muito fiiiiiirme: muito bom, muito legal, um máximo, tudo de bom
Pitiú:fedorento
Pipira: piriguete de última, o varejeira é apenas para dar mais força à expressão
Paar-Ceasa: outro ônibus que vive lotado
Toró: chuva das brabas, de arromba, que parece que o ceú vai desabar
Palha: uma merda, uma droga
Despombalecendo: desmaiando
Arreda: afasta
Tá cheiroso: é ruim, hein. Vai sonhando

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