Foto: Wagner Santana
Rosivaldo Sena de Melo, 65 anos, consertava o telhado de sua casa, quando sofreu uma descarga elétrica, após encostar a flange de uma telha no fio da rede de alta tensão. O acidente aconteceu na manhã de ontem, na rua Domingos Marreiros, esquina com a 14 de março. Rosivaldo não resistiu aos ferimentos e morreu.
A irmã da vítima, Adeli Sena de Melo, estava em prantos. Ao lado do filho, folheava uma agenda telefônica na tentativa de localizar amigos e parentes para informá-los da tragédia. Inconsolável, Adeli, relembrava das últimas horas com o irmão.
“Eu tomei café com ele. Depois, ele saiu e foi buscar a flange para colocar no telhado. Nem vi quando ele saiu. Foi tudo muito rápido.”, disse.
Fios de energia elétrica dominam o telhado da casa -uma residência humilde, de forro baixo. É preciso, por exemplo, se abaixar para entrar no local. Na fachada, um outdoor cobre a visão do telhado. Na parte superior, o espeço apertado dificultava a remoção do corpo.
Adeli Sena chamava o tempo todo pelo irmão. Clamava a ajuda de Deus para lhe dar conforto diante da situação. “ Ai meu Deus, me dê forças senhor. Meu irmão, como pode ter acontecido uma coisa dessa. Ele saiu para pegar essa telha, veio com um colega. Na hora que o colega passava a telha, ele pegou e a telha pegou no fio. Só vi o barulho e o cara todo ensagüentado aqui, porque a flande da telha caiu na cabeça dele. Acudi ele,e até pensei que o Rosivaldo estava se escondendo, porque procuramos por ele e não achamos. Enquanto socorria um, depois fui ver meu irmão morto lá em cima. Só Jesus ressuscita ele”, relatava a mulher.
Casa Maldiçoada
O 190 foi acionado. Mas, Rosivaldo não resistiu a força da descarga elétrica. O outro ferido, que teve a cabeça atingida, foi levado para o PSM da 14 de março. Ele não corre risco de morte.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Belém aguardava a chegada de peritos do Instituto Médico Legal (IML) para remover o corpo e já avaliava a situação. “O local é estreito e tem muito fio. Agora vamos esperar o IML para poder retirar o corpo”, disse o tenente Fabrício.
Vários vizinhos vieram prestar solidariedade à família. Maria de Fátima, 49 anos, amiga de Adeli preocupava-se com o futuro dos Sena de Melo. “Só o Rosilvado por eles. Esse sobrinho era tudo pra ele. Não é á toa que o menino está que não se agüenta. Essa casa é amaldiçoada, quase todos da família morreram aqui. A mãe, o pai”.
Rosivaldo fazia bicos e vendia cartão de créditos telefônicos para assegurar o sustento da irmã e sobrinho. O choque da perda, poderá unir os demais membros da família, separados pela distância - um deles mora em Manaus – e por dificuldades da vida.
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