Música autoral e independente, que recombina a riqueza dos ritmos amazônicos, a partir do batuque do curimbó (instrumento que produz sons), com outras referências musicais, como o rock e o reggae. Essa diversidade sonora é o Grupo Mundé Qultural. Nascido, em junho de 2003, da união de ex-integrantes do Grupo Curuperé, durante rodas de carimbó e ensaios no Espaço Cultural “Coisas de Negro”, em Icoaraci. Com a proposta de experimentar uma forma diferente de se fazer música na Amazônia, levando o resultado dessa sonoridade para o mundo.
Mundé vem do tupi e significa lugar; fartura; armadilha; cair no mundé; mundéu. O nome representa a intenção de valorizar a cultura local, e mostrá-la não só na Vila Sorriso, mas em todos os cantos do planeta. É o Mundé de Icoaraci para o Mundo.
Esse “Mundiar” como define Nego Ray, fundador do grupo, chegou à Barcelona e Londres. As rádios dessas cidades tocam as canções inspiradas nos experimentos sonoros do carimbó, lundum, retumbão, guitarradas, batuques, rock, reggae, entre outros estilos. “Mundé é mundiar o nosso som, conquistar as pessoas com ele, fazer com que todos o conheçam, e se encantem”, explica.
As músicas compostas, em sua maioria por Nego Ray, retratam o universo da floresta, através de letras e efeitos sonoros, que remetem o público às histórias cantadas nas mais de 20 canções produzidas ao longo de sua trajetória. Dessas, seis foram reunidas num CD, com mais de 200 cópias, lançado de forma independente, em 2005.
Nos cinco anos de existência, o grupo formado por Jorge Furtado (guitarra/voz), Nego Ray (curimbó/voz), Clever dos Santos (efeitos/voz), Luizinho Albuquerque (banjo/bandolim), Welton Ferreira (percussão), Ney Lima (percussão), e André Zumbi (baixo/voz), acumula participações em importantes eventos. Como o Festival de Algodoal, em 2005; III Mostra Distrital de Cultura, em Icoaraci, 2003, I Encontro dos Artistas, na Fundação Cultural Tancredo Neves - Centur, 2004; Congresso Regional de Ciências da Comunicação- Intercom, na Estação das Docas, 2007. E a apresentação no programa Cena Musical, da TV Cultura, ano passado, e no Teatro Experimental Waldemar Henrique, templo do rock nos anos 80, no Festa na Cidade .
Além da valorização e resistência cultural, acompanha o grupo, a preocupação social. Músicos como Luizinho e Ray, promovem no interior do Estado, oficinas, nas quais ensinam crianças e adolescentes, em situação de risco a confeccionarem e tocarem instrumentos de percussão. Uma forma de garantir a esses jovens o acesso à cultura e à cidadania.
O Mundé se apresenta todos os domingos, no “Coisas de Negro”, sua sede, na qual o público constituído, principalmente por universitários, moradores próximos do espaço, pessoas de todas as idades, num encontro de gerações, se reúnem para dançar e manter vivos os valores culturais da região. “O Coisas é a nossa grande vitrine, muitos convites para tocar nos lugares surgiram de pessoas que nos viram lá. E por ter um público tão variado isso serve para provar, que a nossa música não é só de velho, é de jovem também”, afirma Clever dos Santos.
A sede do Grupo Mundé Qultural fica no Espaço Cultural Coisas de Negro em Icoaraci, localizado na Tv. Cristóvão Colombo,1081.
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