Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

domingo, 17 de outubro de 2010

Diário de Bordo - 15 de outubro de 2010

São 20h44. Saímos quase sete da noite de Belém do Pará. A balsa Gabriela vai abarrotada de cargas. A maior parte, pelo que vi, vai abastecer mercados das cidades de Breves, Gurupá, Porto de Moz, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu, locais onde a balsa encosta levando e trazendo gente. Vi muitas latinhas de cerveja, hehehe. Se a memória não me engana eram Nova Schin e Skol.

A luz da Gabriela enfraquece de minuto a minuto, o que me impede de escrever direito na agenda-diário que levei de reserva. Nossa faz tanto tempo que não escrevo do modo antigo, caneta e papel, sem notebook, laptop, computador. Só escrevo garranchos durante as reportagens, coisa rápida, falas dos entrevistados, frases nas quais me prendo. Anotações, ideias e palavras que me passam pela cabeça. A embarcação estremece por inteiro. As letras saem tremidas. Parece letra de criança aprendendo a escrever.

Nem nos afastamos direito do Porto Maturu, em Belém, e pegamos vento e muita maresia no meio do Rio Pará. A Gabriela balança como um barquinho. Meu lado neurótica e catastrófica se impõe, penso logo que vamos virar. É herança de minha avó, a dona Cemica. Os entendidos em viagens pelo caminho das águas afirmam que balsas são mais seguras do que barcos. Sigo “confiando” nisso.

Ainda há longas horas de rio pela frente. Cerca de 35 horas ligam Belém a Porto de Moz, onde fica a Reserva Extrativista Verde Para Sempre, destino final de toda essa itinerância. Vou com o cinegrafista Arirton Batista Coelho gravar imagens e entrevistas de um projeto de geração de renda desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental na região. Levei máquina fotográfica e bloquinhos para registrar cada momento da viagem.

Escrevo para ver se o sono vem, porque o barulho da porta de metal do minúsculo camarote no qual divido espaço com equipamentos, um beliche e Arirton. A zoeira que a porta faz dá nos nervos e interrompe minha tentativa de descanso.

Perguntamos ao comandante da balsa, seu Miguel Costa, de 58 anos, se há um outro camarote, pelo menos com ar condicionado, porque o mini-ventilador do nosso não amenizava o calor. Para nossa sorte, no dia seguinte, em Breves, uma suíte iria desocupar. Desembolsaríamos mais alguns reais, além dos 350 já pagos (valor da passagem de camarote Belém – Porto de Moz).

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