Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

domingo, 17 de outubro de 2010

Diário de Bordo - 16 de outubro de 2010

Amanhece no Rio Pará, o caminho que nos leva da Baía do Guajará, na capital paraense, até Porto de Moz, atravessando o Rio Pararuaú, os furos Aturiaí e Itajapuru, passando pelo Rio Amazonas que vai desaguar no Rio Xingu.
O Rio Pará desemboca no município de Breves. A balsa Gabriela atraca no trapiche da cidade para deixar e pegar passageiros e cargas.

A noite anterior foi péssima. Acordei quatro ou cinco vezes no decorrer da madrugada. A porta do camarote fazia um barulho infernal, graças à força dos ventos e das marés nas águas da Amazônia.

Levantei às 6 da manhã, o município de Curralinho já se formava na paisagem. Pergunto ao comandante Miguel, que sai do camarote ao lado, a previsão de chegada em Breves, quando a suíte da balsa desocupará e nós poderemos (eu e o câmera Arirton) ficar nela. Sua experiência de 22 anos de navegação leva a calcular a chegada por volta de 10 horas da manhã, dependendo da maré.

Arirton faz imagens do sol acordando e se levantando sobre o Rio Pará. Um barco passa exatamente no ângulo que a câmera pega a luz do sol refletida nas águas. A embarcação na água e lá em cima o sol continua brilhando, um clichê de tão lindo, rsrsrs.

Uma lancha da Secretaria de Estado de Fazenda se aproxima de nossa balsa para fiscalizar a mercadoria da embarcação. Enquanto isso, Arirton guarda o equipamento em nossos aposentos, hahaha. Um passageiro nos mostra uma balsa carregada de toras de madeirado lado esquerdo do rio. Arirton se apressa em pegar o equipamento de filmagem. Se a madeira era legal ou não, só Deusa sabe. Mas imagem valia. Só não conseguimos filmar a embarcação de frente. Nos restou o ângulo lateral para filmar. Nós conformamos, teríamos outras oportunidades. E tivemos. Durante o trajeto até Porto de Moz, essa imagem iria se repetir quase a exaustão.

Minha mãe liga para saber em qual trecho do percurso estou. Ela estava em Curralinho (viajou na mesma noite que eu com destino a Limoeiro do Ajurú, terra de meus avós). Digo nossa localização: parados no meio do rio, em frente ao município. Ela disse que do trapiche da cidade conseguia ver uma balsa parada, a nossa. Perguntas e conselhos maternos. Resposta de filha exemplar, hehehe. Nos despedimos antes do celulares ficaram fora de área. Combinamos de nos comunicar onde for possível.

Durante o resto da manhã tiro fotos, entrevisto um casal de senhores que voltavam do Círio de Nazaré para Altamira. Ficariam em Vitória do Xingu e de lá seguiriam de táxi por 47 km de estrada até o município. Detalhe, segundo eles, só pagariam 10 reais pela corrida. Em Belém pago esse mesmo valor pra sair do meu conjunto...
Bato meu joelho esquerdo numa subida pela escada. E em outra consigo a proeza de esfolar minha penar direita.

Faço mais fotos e ainda converso com o comandante do barco, o seu Miguel. Chegamos em Breves mais flashs, muitos da orla da cidade, das casas na beira do rio, dos ribeirinhos navegando em seus cascos pelo rio. Duas meninas nos casquinhos, Renata, de 14, e Shirley, de 10 anos, tia e sobrinha respectivamente, se aproximam da balsa. Pedem um real. Isso é comum nos nossos rios, pegar carona também, só os rostos e a paisagem mudam.

Em Breves, finalmente, conseguimos sair do sufoco. Suíte com um banheiro quase limpo só para nós, uma cama, espaço para rede, armário, ar condicionado, estante para colocarmos nossas coisas, e um frigobar meio fedorento.

Vamos embora da cidade. Já nas novas acomodações, abro o notebook e consigo o feito de apagar todas as imagens do cartão de memória da máquina digital, quando tento enfiar a droga do cartão numa das entradas do note. Árnirton fez amizade com o gerente do Banco do Brasil de Porto de Moz e conseguiu um helicóptero para fazer imagens áreas do local.

Seguimos pelos furos e ilhas da viagem. Ainda tínhamos muito chão de água para percorrer.

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