Yorranna Oliveira

Achei a imagem aí de cima pesquisando no Google. E ela define perfeitamente um pouco do que eu sou e da proposta do blog: tem de tudo um pouco, e um pouco de quase tudo o que gosto. Aqui você vai encontrar sempre um papo sobre música, cinema, comunicação, literatura, jornalismo, meio ambiente, tecnologia e qualquer outra coisa capaz de me despertar algo e a vontade de compartilhar com vocês. Entrem e divirtam-se!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Enfim, Cuieiras.

Coluna - Diário de Bordo
19 e 20 de outubro de 2010

Fotos: Árniton Batista, Renata Baía e Talmir Neto

Voltando antes mesmo de chegar em Cuieiras...


Em direção à Cuieiras. Na terceira tentativa......


Na primeira tentativa afundamos. Na segunda, encalhamos. Na terceira finalmente chegamos à comunidade de Cuieiras, na *Reserva Extrativista Verde Para Sempre, localizada no município de Porto de Moz, no Pará. A comunidade é uma das 58 existentes na região, que se espalham por 31 localidades. Cuieiras fica na zona de várzea da Resex. As famílias tiram das águas do rio o que precisam para continuar existindo. A criação de búfalos, a produção de queijo, a pesca artesanal e a produção de farinha de piracuí - feita de um peixe muito apreciado na região, o acari - garantem a sobrevivência das famílias.

Ajeitando o microfone do seu Luís.


Encontramos seu Luís Moura, de 63 anos, na comunidade. Eel cria abelhas indígenas sem ferrão, a chamada meliponicultura. Através de um projeto de geração de renda na Reserva, a Embrapa Amazônia Oriental realizou, entre outras atividades, um curso de capacitação em meliponicultura no local. A meliponicultura é a um potencial produtivo existente em Cuieiras. No curso, os moradores aprenderam a construir um modelo de caixa, adaptado pela Embrapa, onde ficam os ninhos para a reprodução das abelhas e para a produção do mel. A técnica funciona como alternativa ao desmatamento: na criação de abelhas não é preciso remover a cobertura vegetal da terra. O pólen produzido pelas espécies ajuda na regeneração da cobertura natural da floresta. O modelo de caixa padronizado facilita a divisão das colônias e a coleta dos produtos da colmeia. E como essas abelhas não tem ferrão, o produtor de mel não precisa investir em equipamentos e roupas especiais.

Seu Luís mostrando a colmeia da abelha jandaíra


Seu Luís leva nossa equipe de filmagem para conhecer o meliponário da filha, Angélica. Vai mostrando e abrindo as caixas. Explica o processo para pegar na floresta as colmeias, a forma mais correta que aprendeu, como é a criação das abelhas até a retirada do mel. E nos oferece um pouco do mel da espécie jandaíra. Eu e Renata nem pensamos duas vezes, vamos direto com o dedo numa das aberturas da colmeia. Nem preciso dizer que achei delicioso, um mel levinho, levinho e bem fresquinho, hehehe. "É um mel mais limpo", na definição de seu Luís.

Provando na fonte...


Quando terminávamos a entrevista, ele nos premia com uma reflexão sobre sua própria vida, o tanto de mata que já destruiu, queimou, sem saber e se dar conta do mal que fazia à natureza e a si mesmo. Mas hoje ele entende muito bem que o caminho não é esse.

O criador de abelhas indígenas sem ferrão.

*A Reserva foi criada pelo Governo Federal em novembro de 2004 e funciona como uma unidade de conservação, organizada para proteger os meios de vida dos povos que moram na região e para asssegurar o uso sustentável dos recursos naturais. A área ocupa 74% do território do município de Porto de Moz e é utilizada pelas populações tradicionais que vivem do extrativismo, da agricultura de subsistência, da criação de animais e da pesca artesanal.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio,vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, administra todas as unidades de conservação existentes no Brasil. A Coordenação Belém, do ICMBio, é responsável pela gestão socioambiental da Resex Verde para Sempre, e de outras unidades que ficam no
território amazônico.

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